Vendas do comércio varejista caem 0,4% em abril após três meses de crescimento 726z3a
Resultado veio dentro do intervalo das estimativas dos analistas, que esperavam desde uma queda de 1,5% a uma alta de 0,4%, com mediana negativa de 0,7% 2384m
RIO - O comércio varejista brasileiro começou o segundo trimestre com sinais de acomodação. O volume vendido teve uma queda de 0,4% em abril ante março, após uma sequência de três resultados positivos, segundo os dados da Pesquisa Mensal do Comércio, divulgada nesta quinta-feira, 12, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 135p5f
O recuo está em linha com uma desaceleração gradual da atividade econômica no segundo trimestre do ano, avaliou o economista Leonardo Costa, do ASA.
"Esses dados vão na direção esperada pela autoridade monetária, que tem defendido a necessidade de esfriamento da demanda para conter pressões inflacionárias, especialmente em um ambiente de expectativas (inflacionárias) desancoradas", afirmou Costa, embora pondere ser ainda cedo para afirmar que esse processo esteja consolidado.
Os sucessivos avanços recentes tinham levado as vendas do varejo a patamar recorde no mês de março de 2025, ou seja, a queda em abril seria fruto de uma base de comparação elevada, apontou Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE.
"A gente tem que lembrar que o patamar recorde foi renovado ao longo desse ano de 2025", disse Santos. "A gente está falando de uma desaceleração na alta. Quando você está na alta, perpetuar o crescimento é mais difícil do que quando você está numa base baixa."
Quatro das oito atividades que integram o comércio varejista registraram crescimento nas vendas em abril ante março: livros e papelaria (1,6%), outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento (1,0%), vestuário e calçados (0,6%) e farmacêuticos e perfumaria (0,2%). Na direção oposta, os recuos ocorreram em combustíveis (-1,7%), equipamentos para informática e comunicação (-1,3%), supermercados (-0,8%) e móveis e eletrodomésticos (-0,3%).
No comércio varejista ampliado - que inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício - houve queda de 1,9% em abril ante março. O segmento de veículos registrou retração de 2,2%, material de construção caiu 0,4%, e atacado alimentício não teve as informações divulgadas, por ter uma série histórica ainda curta para a metodologia de dessazonalização.
Segundo Cristiano Santos, do IBGE, o resultado negativo no varejo em abril está mais ancorado no desempenho de supermercados, que estão sob impacto da inflação de alimentos para consumo no domicílio.
"Tem resiliência em indicadores importantes, como o crédito a pessoas físicas e o número de pessoas ocupadas. Ainda que a inflação na alimentação do domicílio tenha caído de março para abril, ela continua ainda grande", ponderou Santos.
O pesquisador lembra que a massa de salários em circulação na economia cresceu, mas ainda há questões que limitam o orçamento das famílias.
"Pensando nessa base (de comparação) alta, significa que, de certa maneira, esse dispêndio que está indo para o comércio da renda das famílias também está alto", observou. "Esse resultado hoje de certa maneira é limitado por não ter tanto mais como haver dispêndio maior da renda das famílias para o comércio especificamente", opinou.
Para a economista Isabela Tavares, da Tendências Consultoria, os resultados do varejo devem ser mais comedidos à frente, com os volumes de venda mais controlados, mas sem apresentar reduções muito claras em relação ao ano ado.
"Esse cenário é corroborado pelo mercado de trabalho resiliente e ainda pelos programas de estímulo ao crédito, enquanto, por outro lado, temos uma inflação elevada", justificou Tavares. / Com Gabriela Jucá e Anna Scabello
