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Moraes pode perder imunidade diplomática com ação de Trump? Juristas dizem que cenário é improvável 55364a

Especialistas em direito internacional afirmam que não há previsão legal para que um ministro do STF seja responsabilizado nos EUA. 1a5c3y

12 jun 2025 - 11h41
(atualizado às 12h13)
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Ministro Alexandre de Moraes negou à Bolsonaro a exibição de vídeos durante interrogatório
Ministro Alexandre de Moraes negou à Bolsonaro a exibição de vídeos durante interrogatório
Foto: Ton Molina/STF

Decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) de bloquear contas de brasileiros que espalham desinformação nas redes sociais, mesmo baseadas fora do Brasil, provocaram uma reação do presidente norte-americano Donald Trump nos últimos dias: uma de suas empresas, a Trump Media, moveu uma ação judicial contra o ministro Alexandre de Moraes alegando que ele, por conta própria, tenta censurar empresas americanas e pessoas que vivem no país. 6y5g6b

Esta semana, viralizou na web um vídeo em que um advogado brasileiro comenta um pedido de liminar das empresas Trump Media e Rumble para tentar retirar a "imunidade diplomática" do ministro brasileiro e, assim, fazê-lo responder criminalmente por desobedecer ritos e formalidades de acordos bilaterais entre Brasil e Estados Unidos.

O advogado é Jeffrey Chiquini, que defende o tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo, um dos réus no inquérito do golpe. Segundo ele, Trump teve uma "grande sacada" com a liminar, porque se Moraes perder a "imunidade diplomática" e resolver desobedecer uma ordem judicial dos Estados Unidos, ele comete um crime e seu nome pode ser incluído na lista de difusão vermelha da Interpol.

No entanto, especialistas em Direito Internacional ouvidos pelo Verifica dizem que a legislação dos Estados Unidos não prevê esse tipo de manobra. Ainda que algum juiz tome a decisão de intimar Alexandre, o processo não seria tão simples. Para eles, é prematuro pensar, desde já, na inclusão do nome do ministro brasileiro na lista da Interpol.

O que é a ação da Rumble e da Trump Media? 1x6b3p

No início deste mês, as empresas Rumble e Trump Media — criada em 2021 e ligada ao presidente americano — entraram com uma ação na Justiça dos Estados Unidos contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. O argumento é que o juiz brasileiro tenta censurar ilegalmente as empresas ao ordenar que suspendam as contas de pessoas que moram nos Estados Unidos.

A petição afirma que, embora Estados estrangeiros e suas agências desfrutem de imunidade diplomática, isso não se aplica aos funcionários "supostamente atuando em nome de um Estado estrangeiro". As duas empresas, então, pedem:

  • Que o ministro, pessoalmente, seja julgado pelo Tribunal de Tampa, na Flórida;
  • Que as ordens de Alexandre sejam declaradas inexequíveis (que não podem ser executadas) nos Estados Unidos;
  • Que as causas da Rumble e da Trump Media contra Moraes sejam julgadas favoráveis às empresas;
  • Que seja concedida medida cautelar proibindo a execução das ordens de Moraes nos Estados Unidos;
  • Que o ministro seja proibido de compelir terceiros — como Google ou Apple — a remover o app Rumble das lojas de aplicativos;
  • Que sejam concedidos todos os danos às empresas decorrentes das ordens do ministro.

Em fevereiro deste ano, as duas empresas haviam acionado a Justiça estadunidense contra Moraes pelo mesmo motivo. Na ocasião, a juíza Mary Scriven decidiu não julgar o mérito da ação por entender que a Rumble e a Trump Media não precisavam cumprir as ordens de Moraes nos Estados Unidos.

Moraes abre interrogatório de réus
Moraes abre interrogatório de réus
Foto: Reprodução/TV Justiça

Em um trecho de uma entrevista que se tornou viral nas redes, o advogado Jeffrey Chiquini supõe que, caso a Justiça americana julgue favorável a ação das empresas Rumble e Trump Media, Moraes irá "dobrar a aposta", descumprindo as ordens judiciais dos Estados Unidos, o que é crime no país da América do Norte.

"Pode sair mandado de prisão. Ele pode ir para Interpol e ele pode entrar na lista vermelha e nunca mais sair do Brasil. Foi essa a sacada do Trump", disse.

A organização disse ainda que só emite avisos vermelhos se os pedidos estiverem em conformidade com a Constituição da entidade. As regras "proíbem a Interpol de emitir um Aviso por motivos políticos, religiosos, raciais ou militares".

Saulo Stafanone Alle reforça que a instituição não inclui automaticamente nomes na lista vermelha. "A Interpol tem instâncias para que você discuta se determinada inclusão é adequada e correta, porque erros podem acontecer e as injustiças podem ser graves. Então, há um mecanismo de controle", disse.

O outro lado 324y5m

Procurado pelo Verifica, o advogado Jeffrey Chiquini disse em nota que o pedido da defesa de Donald Trump é para "afastar a imunidade diplomática do ministro Alexandre de Moraes, para que ele seja tratado juridicamente como cidadão comum" na ação. Ou seja, a defesa do presidente estadunidense acredita que Moraes tem agido "por conta própria", e não representando o Estado brasileiro, quando emite as decisões judiciais.

Ele repetiu que, caso a liminar seja concedida e Moraes a descumprir, ele pode cometer um crime nos Estados Unidos, e compartilhou um trecho da ação com o argumento da Rumble e da Trump Media, que considera que os atos de Moraes são"ultra vires", ou seja, estão fora do escopo de sua autoridade.

"A verdadeira violação à soberania nacional seria tentar impedir que aquele Estado exerça, com independência, a aplicação de sua legislação interna. Para que uma autoridade usufrua de imunidade, deve agir dentro dos estritos limites da lei e observar os ritos e formalidades exigidos por tratados e convenções internacionais", disse Chiquini.

Estadão
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